As estradas desempenham um papel importante na mobilidade e no transporte de bens e pessoas em todo o país. No entanto, os acidentes de trânsito representam uma preocupação constante, impactando vidas e gerando custos significativos para a sociedade. Um estudo recente da renomada Fundação Dom Cabral (FDC) lança luz sobre as discrepâncias alarmantes entre as rodovias públicas e as concedidas à iniciativa privada no Brasil.
Ao analisar dados da Polícia Rodoviária Federal, envolvendo o período de 2018 a 2023, a pesquisa revela insights preocupantes. Embora o número absoluto de acidentes tenha diminuído nas rodovias sob gestão pública, a taxa de severidade, que leva em consideração a gravidade dos incidentes, permanece consideravelmente mais elevada do que nas vias concedidas.
Alerta nas Estradas: Taxas de Acidentes e Severidade:
O estudo da FDC emprega uma metodologia rigorosa para calcular a Taxa de Acidentes (TAc) e a Taxa de Severidade de Acidentes (TSAc). Essas métricas levam em conta não apenas o número bruto de ocorrências, mas também a intensidade do tráfego, representada pelo volume médio diário (VMDA) e a extensão do segmento viário onde os eventos ocorreram. Além disso, no cálculo da TSAc, cada acidente é ponderado pela sua respectiva gravidade.
Os dados revelam que, no ano passado, as rodovias sob gestão pública apresentaram uma taxa de severidade cerca de 3,2 vezes maior do que as administradas por meio de concessão, apesar de um número menor de ocorrências. Esse contraste alarmante destaca a necessidade urgente de abordar os fatores subjacentes que contribuem para a maior gravidade dos acidentes em estradas públicas.
Alerta nas Estradas: Tendências Divergentes
Ao examinar a trajetória ao longo dos últimos seis anos, o estudo revela tendências distintas entre as rodovias concedidas e as públicas. Nas estradas concedidas, observou-se um aumento no número de acidentes, bem como nas Taxas de Acidente e de Severidade. Por outro lado, nas rodovias sob gestão pública, esses indicadores apresentaram uma redução.
Especificamente, em 2018, foram registrados 28.845 acidentes nas rodovias concedidas, enquanto em 2023 esse número subiu para 30.526, um aumento de 5,8%. Em contraste, nas vias públicas, os acidentes caíram de 36.880 para 34.650 no mesmo período, representando uma queda de 6%.
Alerta nas Estradas: Fatores Contributivos e Desafios Persistentes
Ao analisar esses números, Paulo Resende, coordenador do Núcleo de Infraestrutura, Supply Chain e Logística da Fundação Dom Cabral, destaca que essas evoluções fazem parte da dinâmica do tráfego. Ele ressalta que os volumes de tráfego englobam um período de cinco anos, levando em consideração a dispersão do efeito da pandemia e a significativa transferência de rodovias da gestão pública para a iniciativa privada nos últimos anos.
Resende também chama a atenção para o crescimento de acidentes envolvendo usuários vulneráveis, como ciclistas e pedestres, principalmente em travessias de áreas urbanas, que têm grande presença em trechos concedidos. Esse fator pode contribuir para o aumento das taxas de severidade nessas vias.
Alerta nas Estradas: Investimentos e Manutenção; Impactos na Segurança
Embora tenham ocorrido aumentos nos investimentos em manutenção e recuperação de rodovias federais públicas nos últimos anos, o coordenador da FDC enfatiza que “ainda é altíssima a diferença em acidentes de alta severidade entre trechos concedidos e os sob gestão pública, o que não pode ser desprezado de maneira nenhuma”.
Essa constatação destaca a necessidade de ações contínuas e abrangentes para melhorar a segurança viária, tanto em termos de infraestrutura quanto de conscientização e educação dos usuários.
Alerta nas Estradas: Rodovias Críticas: BR-101 e BR-116 no Topo do Ranking
A análise dos dados de 2023 identificou as rodovias com as maiores taxas de severidade, ou seja, aquelas que mais registraram acidentes graves. As federais BR-101 e BR-116, ambas de grande extensão, lideraram o ranking, apresentando as maiores taxas de severidade e o maior número de acidentes.
Esse destaque reforça a urgência de medidas específicas para essas vias críticas, que podem incluir melhorias na sinalização, manutenção adequada, monitoramento intensificado e campanhas de conscientização direcionadas aos usuários.
Alerta nas Estradas: Distribuição Geográfica dos Acidentes
O estudo também fornece uma perspectiva estadual, revelando que 12 unidades federativas concentram 82% dos acidentes nas rodovias federais. As estradas de Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo, Bahia, Goiás, Pernambuco, Espírito Santo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul são as que mais registram ocorrências.
No entanto, ao considerar as taxas de acidentes e de severidade, as rodovias federais de outros estados se destacam. O Paraná lidera o ranking de taxa de severidade, seguido por Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Bahia. Por outro lado, as cinco unidades federativas com as menores taxas de severidade em rodovias federais são: Amazonas, Sergipe, Roraima, Tocantins e Acre.
Análise por Macrorregião: Disparidades Persistentes
A análise detalhada por macrorregião do país revela que, nos últimos anos, as rodovias federais sob gestão pública continuaram a apresentar maior periculosidade do que as concedidas à iniciativa privada. Essa constatação reforça a necessidade de ações coordenadas e investimentos substanciais para elevar os padrões de segurança em todo o território nacional.
Alerta nas Estradas: Desafios Futuros e Oportunidades de Melhoria
Embora os dados apontem para avanços em algumas áreas, ainda há um longo caminho a percorrer para garantir a segurança nas estradas brasileiras. É essencial que as autoridades responsáveis, em conjunto com a sociedade civil e o setor privado, unam esforços para implementar medidas abrangentes e sustentáveis.
Algumas áreas-chave que merecem atenção incluem:
- Investimentos contínuos em infraestrutura e manutenção de rodovias, priorizando as vias críticas e as regiões com maiores taxas de acidentes.
- Programas de educação e conscientização para motoristas, pedestres e ciclistas, promovendo comportamentos seguros no trânsito.
- Adoção de tecnologias avançadas de monitoramento e gerenciamento de tráfego, como sistemas inteligentes de transporte (ITS).
- Fortalecimento da fiscalização e aplicação rigorosa das leis de trânsito, com foco na prevenção de infrações graves.
- Colaboração intersetorial envolvendo órgãos governamentais, empresas concessionárias, organizações não governamentais e a sociedade civil.
Somente por meio de uma abordagem abrangente e colaborativa, envolvendo todos os atores relevantes, será possível reduzir efetivamente os acidentes graves e tornar as rodovias brasileiras mais seguras para todos os usuários.
Rumo a um Futuro Mais Seguro
O estudo da Fundação Dom Cabral lança luz sobre um desafio crítico enfrentado pelas rodovias brasileiras: a alta taxa de severidade de acidentes, especialmente nas vias sob gestão pública. Embora os números absolutos de ocorrências tenham diminuído nessas estradas, a gravidade dos incidentes permanece alarmante.
É fundamental que as autoridades competentes priorizem a segurança viária, implementando medidas abrangentes e sustentáveis. Investimentos contínuos em infraestrutura, programas de educação e conscientização, adoção de tecnologias avançadas e colaboração intersetorial são essenciais para reverter essa tendência preocupante.
Somente por meio de ações coordenadas e esforços conjuntos será possível proteger vidas, reduzir os custos associados aos acidentes e garantir que as rodovias brasileiras sejam mais seguras e acessíveis para todos os usuários.