Os SUVs conquistaram o mercado brasileiro de forma impressionante. Considerados modernos, espaçosos e com fama de trazer mais segurança aos ocupantes, esses modelos se tornaram mais de 60% das vendas de carros no país em 2024, segundo a Anfavea. Apesar dessa popularidade e da sensação de proteção, o crescimento desse segmento envolve riscos importantes que passam despercebidos pela maioria dos motoristas e pedestres.
Impactos do tamanho e peso dos SUVs em acidentes
A principal diferença entre os SUVs e veículos tradicionais, como hatches e sedans, está em sua estrutura física. Por serem mais altos e pesados, os SUVs têm características que alteram o padrão de colisões e atropelamentos nas cidades.
Altura do para-choque e gravidade dos acidentes
O para-choque elevado dos SUVs costuma atingir áreas vitais do corpo de pedestres e ciclistas, como tronco e cabeça, enquanto veículos convencionais costumam provocar impactos em membros inferiores. Isso eleva a gravidade potencial dos ferimentos em atropelamentos, de acordo com pesquisas do Insurance Institute for Highway Safety (IIHS).
Maior peso, maior energia no impacto
O peso elevado dos SUVs implica na liberação de mais energia nas colisões. Com isso, tanto ocupantes quanto terceiros têm maior exposição a traumas severos em sinistros, especialmente em cenários de atropelamento ou colisão com motos e bicicletas.
Pontos cegos e riscos para usuários vulneráveis
Outro desafio gerado pela popularização dos SUVs é o aumento dos pontos cegos. A posição elevada do motorista amplia áreas não visíveis ao redor do carro, em especial na frente e nas laterais baixas. Crianças pequenas, ciclistas e motociclistas são os mais atingidos por esse problema, aumentando as chances de acidentes graves.
Em situações comuns como manobras ou mudanças de faixa, a redução da visibilidade pode provocar atropelamentos ou colisões que seriam evitáveis em carros convencionais. Especialistas sugerem atenção redobrada ao circular com SUVs em ruas movimentadas ou próximas a escolas.
Crescimento das dimensões dos SUVs e consequências urbanas
Estudos europeus demonstram que os SUVs ganham em média um centímetro em largura a cada dois anos. Nas cidades, isso gera desafios práticos: vagas de estacionamento insuficientes, menor espaço de circulação e aumento do risco em vias estreitas, já que ciclistas e pedestres ficam ainda mais próximos dos carros em ruas apertadas.
Capô alto e riscos fatais para ciclistas
Análises do Instituto Vias, da Bélgica, indicam que um capô com dez centímetros a mais eleva em 30% o risco de morte de ciclistas e pedestres em caso de atropelamento. O design e as proporções maiores afetam não só a gravidade dos sinistros, como também a dinamicidade do trânsito nas metrópoles.
Debates e medidas internacionais sobre SUVs
Em algumas cidades europeias, políticas públicas já estão sendo implementadas para enfrentar esses desafios. Paris, por exemplo, aprovou a triplicação das tarifas de estacionamento para SUVs de não residentes, chegando a valores elevados nas áreas centrais. O motivo principal é reduzir congestionamento, poluição e riscos a pedestres e ciclistas — resultado de uma consulta pública que obteve apoio da maioria dos parisienses.
Além disso, órgãos governamentais estudam limites para as dimensões dos veículos e critérios mais rigorosos para a comercialização de modelos de grande porte nas cidades. Tais movimentos buscam equilibrar modernidade, conforto e segurança coletiva.
Estabilidade e riscos de capotamento em SUVs
O centro de gravidade dos SUVs é, naturalmente, mais alto. Isso os torna propensos a perder a estabilidade em manobras bruscas, curvas fechadas ou desvios rápidos. Apesar dos avanços tecnológicos como controles eletrônicos de estabilidade e frenagem, o risco de capotamento permanece superior ao de sedans, hatches e peruas.
Depressão na estabilidade sem tecnologia
No início da popularidade dos SUVs, muitos modelos careciam dos sistemas eletrônicos de segurança atualmente presentes. Montadoras chegaram a incluir etiquetas de alerta nos primeiros utilitários fabricados no Brasil, indicando riscos ao dirigir em alta velocidade sem essas tecnologias.
Percepção de segurança e dados reais
Embora os SUVs transmitam sensação de maior proteção aos ocupantes, os dados indicam que podem se tornar mais nocivos a terceiros no trânsito. O conforto e a altura podem favorecer a experiência dos passageiros, mas aumentam a responsabilidade de direção e atenção ao entorno.
O crescimento das vendas, aliado ao aumento dos acidentes envolvendo esse tipo de veículo, destaca a necessidade de campanhas educativas e regulamentações adequadas para promover mais segurança viária e equilíbrio urbano.
O que motoristas e cidades podem fazer diante dos riscos dos SUVs?
- Rever hábitos ao volante: motoristas de SUVs devem buscar direção defensiva, redobrar o olhar para pontos cegos e respeitar limites de velocidade, principalmente em áreas urbanas e zonas escolares.
- Adequar políticas públicas: cidades podem adotar regulamentações para limitar circulação, ajustar vagas de estacionamento e criar faixas exclusivas para ciclistas e pedestres, evitando conflitos diretos com carros grandes.
- Valorizar tecnologias de segurança: controles eletrônicos de estabilidade, frenagem automática e sistemas avançados de monitoramento de obstáculos são aliados na redução dos riscos, mas não substituem a atenção humana.
Perguntas Frequentes
Os SUVs realmente são mais seguros para ocupantes?
Os SUVs oferecem proteção reforçada para quem está dentro do carro, especialmente em colisões. Porém, representam riscos maiores para pedestres e outros condutores devido ao seu tamanho e peso.
Por que os SUVs oferecem mais perigo em atropelamentos?
O para-choque mais alto atinge áreas vitais do corpo, aumentando a gravidade dos ferimentos em atropelamentos.
Existem leis específicas para circulação de SUVs em cidades brasileiras?
Não há regras exclusivas para SUVs no Brasil como existe em algumas cidades da Europa, mas órgãos de trânsito monitoram tendências e impactos.
Que cuidados um motorista de SUV deve adotar?
Direção defensiva, atenção aos pontos cegos e respeito à sinalização são comportamentos fundamentais para quem dirige SUVs.
Os SUVs impactam o trânsito das cidades?
Sim, principalmente pela largura e dificuldade de estacionar, além de influenciar na fluidez do tráfego em ruas estreitas.