Saiba como trocar o óleo corretamente, com o avanço tecnológico nos motores automotivos tem sido notável, com a introdução de recursos como turboalimentação, variação nos comandos de válvulas e injeção direta de combustível. Esses desenvolvimentos visam aumentar a eficiência dos motores, tornando-os mais compactos, leves e com menos atrito entre as peças metálicas. No entanto, essa evolução exige uma atenção especial ao tipo de óleo lubrificante utilizado, pois a escolha inadequada pode comprometer seriamente o desempenho e a vida útil do motor.
1. A Importância da Viscosidade Correta
Um dos aspectos mais críticos na seleção do óleo lubrificante adequado é a viscosidade, que se refere à resistência do fluido ao fluxo. Com motores cada vez menores e compactos, os componentes internos também se tornaram menores, exigindo óleos com viscosidades específicas para percorrer e preencher corretamente todas as partes do conjunto mecânico.
2. Analogia Ilustrativa: O Milk-shake e o Canudo
Fernanda Ribeiro, gerente de produto da Iconic, empresa responsável pelas marcas Ipiranga e Texaco, utiliza uma analogia interessante para explicar a importância da viscosidade correta. Ela compara o uso de um óleo muito viscoso (grosso) em um motor compacto a tentar beber um milk-shake espesso com um canudo fino de refrigerante. Assim como o milk-shake não conseguiria fluir facilmente pelo canudo, um óleo demasiado viscoso enfrentaria dificuldades para circular e lubrificar adequadamente as partes do motor.
3. Consequências de uma Viscosidade Inadequada
Utilizar um óleo com viscosidade superior à recomendada pelo fabricante pode gerar um estresse desnecessário no motor. As peças terão que fazer mais esforço para se movimentar, sobrecarregando componentes como a bomba de óleo. Por outro lado, uma viscosidade inferior à especificada aumentará o atrito entre as partes metálicas, acelerando o desgaste.
Além disso, cada motor é projetado para operar em uma determinada faixa de temperaturas, e o óleo lubrificante é formulado para suportar essas condições. Sem as propriedades corretas, o desgaste dos componentes será inevitavelmente acelerado.
4. Danos Colaterais: Correia de Comando e Velas de Ignição
Os efeitos de um óleo lubrificante inadequado vão além do desgaste prematuro do motor. Um problema comum é o desgaste precoce da correia de comando banhada a óleo, causado pela incompatibilidade química entre o produto utilizado fora das especificações e o material da peça.
Nos motores turboalimentados com injeção direta, as consequências podem ser ainda mais graves. Segundo Sandro Cattozi, especialista em lubrificantes automotivos da Raízen (Shell), esses motores são suscetíveis a quebras de velas de ignição, bielas e pistões devido ao fenômeno da pré-ignição em baixa rotação.
5. Intervalos de Troca: Respeitar as Recomendações
Além de escolher o óleo correto, é fundamental respeitar os intervalos de troca recomendados pelo fabricante. Geralmente, durante o período de garantia do veículo, as trocas devem ser realizadas a cada 10.000 km. No entanto, após o término da garantia, os especialistas recomendam trocar o óleo a cada 5.000 km.
Fernando Mendes, CEO da Widmen, rede de lojas de serviço automotivo no Rio de Janeiro, defende que os intervalos de revisão e troca de óleo deveriam ser revistos, levando em consideração não apenas a quilometragem, mas também o tempo e as horas de uso do motor. Isso é especialmente relevante em grandes centros urbanos, onde o trânsito intenso e as condições adversas de condução são consideradas situações de uso severo para o motor.
6. Problemas com Óleo Velho
Assim como o uso de um óleo inadequado, a negligência em trocar o óleo lubrificante regularmente pode causar sérios danos ao motor. O óleo velho pode formar borras, que são resíduos semissólidos resultantes da degradação do lubrificante. Essas borras comprometem ainda mais a lubrificação e acentuam o desgaste do conjunto mecânico, podendo até provocar o travamento do motor.
Além disso, a viscosidade incorreta do óleo pode levar a um aumento no consumo de combustível. De acordo com Sandro Cattozi, da Raízen, a utilização de um óleo com viscosidade 10W em um motor que requer um óleo 0W pode aumentar o consumo de combustível em cerca de 3 a 4%.
7. Consequências Rápidas em Motores Modernos
Embora os danos causados pelo uso de um óleo lubrificante inadequado possam não ser imediatamente perceptíveis para o motorista, em motores mais modernos, as consequências podem surgir de forma mais rápida. Fernanda Ribeiro, da Iconic, ressalta que “hoje, esse intervalo entre se colocar um óleo errado e ter um problema está cada vez mais curto, até por conta da dinâmica das novas tecnologias, como injeção direta e correia banhada a óleo”.
8. Parceria entre Montadoras e Produtores de Lubrificantes
A evolução dos motores automotivos é acompanhada de perto pelas produtoras de lubrificantes, que trabalham em parceria com as montadoras para desenvolver óleos específicos para cada modelo de veículo. Essa colaboração é essencial para garantir que o lubrificante atenda às necessidades únicas de cada powertrain e carro, preservando a vida útil e o desempenho do motor.
9. Manutenção Preventiva: A Chave para um Motor Saudável
A escolha do óleo lubrificante correto e o cumprimento dos intervalos de troca recomendados são aspectos fundamentais da manutenção preventiva de um veículo. Ao seguir essas orientações, os motoristas podem evitar problemas sérios e prolongar a vida útil de seus motores, garantindo um desempenho otimizado e uma experiência de condução mais suave e eficiente.
Em resumo, o uso do óleo lubrificante adequado é importante para preservar a integridade e o desempenho do motor de um veículo. Com motores cada vez mais compactos e tecnologicamente avançados, a escolha correta do óleo e o respeito aos intervalos de troca tornam-se imperativos para evitar danos caros e potencialmente catastróficos. Investir na lubrificação adequada é uma medida preventiva essencial que pode transformar seu carro em uma máquina confiável e duradoura, ao invés de uma bomba-relógio prestes a explodir.