Trânsito com as estatísticas alarmantes revelam uma realidade chocante: pedestres, ciclistas e motociclistas representam a esmagadora maioria das vítimas graves de acidentes de trânsito no Brasil. Segundo um estudo aprofundado conduzido pela Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet), impressionantes 76% das internações hospitalares relacionadas ao trânsito em 2022 envolveram esses grupos vulneráveis.
O Impacto Devastador dos Acidentes de Trânsito
Os números falam por si só: mais de 260 mil pessoas necessitaram de internação na rede pública de saúde no ano passado devido a sinistros de trânsito. Essa estatística assombrosa destaca a urgência de medidas preventivas focadas na educação e infraestrutura viária, a fim de proteger aqueles que estão mais expostos aos perigos das vias.
Antonio Meira Júnior, presidente da Abramet, enfatiza a importância dessa campanha: “Os dados destacam a urgência de medidas preventivas focadas na educação e infraestrutura de trânsito que protejam especialmente esses usuários mais expostos.”
Uma Década de Desafios e Tendências Preocupantes
Ao analisar os dados do Ministério da Saúde, fica evidente que a última década testemunhou mais de 2,2 milhões de atendimentos no Sistema Único de Saúde (SUS) para o tratamento de vítimas de acidentes de trânsito graves. No entanto, a análise revela uma tendência preocupante de aumento nas internações dos grupos mais vulneráveis.
Pedestres: Um Grupo de Alto Risco
Apesar de uma queda inicial até 2020, as internações de pedestres voltaram a crescer, atingindo 39.125 em 2023. Essa estatística alarmante destaca a necessidade urgente de melhorias na infraestrutura viária e campanhas educativas sobre a travessia segura de pedestres.
Ciclistas: Um Crescimento Constante de Riscos
O cenário para os ciclistas é desafiador, com um crescimento constante ao longo da última década, passando de 9.238 internações em 2014 para 15.573 em 2023. Essa tendência ascendente reforça a importância de investir em infraestrutura cicloviária e conscientização sobre a segurança desse grupo.
Motociclistas: O Grupo Mais Afetado
O grupo mais afetado, no entanto, são os motociclistas, com um aumento contínuo ao longo dos anos. Somente em 2023, foram registradas mais de 141,7 mil internações envolvendo esses condutores. Essa estatística alarmante destaca a necessidade crítica de estratégias específicas, como fiscalização rigorosa, uso obrigatório de equipamentos de proteção e respeito às normas de trânsito.
O Convite do Maio Amarelo: Transformando o Caos em Paz
A campanha do Maio Amarelo deste ano traz um apelo poderoso: “A paz no trânsito começa por você”. Meira Júnior convida todos a participarem e contribuírem com mudanças nos comportamentos no trânsito, reforçando a ideia de que a saúde e a paz começam individualmente, mas reverberam por toda a sociedade.
“O desafio está lançado: como cada um de nós pode ser um vetor de transformação no caos diário do trânsito urbano?” questiona Meira Júnior, convidando a refletir sobre as atitudes individuais e seu impacto coletivo.
Fatalidades: Um Panorama Sombrio
Ao avaliar os números de óbitos entre 2013 e 2022, é possível observar que pedestres, ciclistas e motociclistas continuam sendo os grupos mais vulneráveis às fatalidades no trânsito. Apesar de uma tendência geral de declínio nos óbitos relacionados ao trânsito, esses grupos representam metade de todos os registros de óbitos a cada ano.
Pedestres: Avanços, mas Ainda Alarmantes
Os pedestres, tradicionalmente os mais afetados, viram uma redução nos óbitos de 8.220 em 2013 para 5.387 em 2022. No entanto, como ressalta Flavio Adura, diretor científico da Abramet, “Apesar dos esforços das autoridades em melhorar a infraestrutura das vias, com a implementação de mais faixas de pedestres e campanhas educativas sobre a travessia segura, por exemplo, o número ainda é alarmantemente alto.”
Ciclistas: Um Cenário Desafiador
Os ciclistas seguem em meio a um cenário desafiador, com aproximadamente 1.300 mortes ao ano. Essa estatística reforça a necessidade de investimentos em infraestrutura cicloviária e conscientização sobre a segurança desse grupo.
Motociclistas: Estabilidade, mas Ainda Crítico
Os motociclistas, frequentemente no topo da lista de fatalidades no trânsito, mostram uma estabilidade nos números com uma ligeira redução nos óbitos. Em 2022, houve o registro de 12 mil mortes. Essa estatística indica a necessidade crítica de estratégias específicas, incluindo fiscalização, uso de equipamentos de proteção obrigatórios e respeito às normas de trânsito.
Protegendo os Mais Vulneráveis: Uma Prioridade
Flavio Adura enfatiza a importância de priorizar a proteção dos mais vulneráveis: “Cada número representa uma vida perdida, uma família devastada. Não podemos nos dar ao luxo de ser complacentes. Precisamos agir agora para tornar nossas estradas seguras e saudáveis para todos, independente do modo de transporte escolhido.”
Homens e Jovens: Um Grupo de Risco Específico
Cerca de 80% das internações e dos óbitos em acidentes de trânsito envolvem homens, uma constante em diversas partes do mundo que reflete fatores comportamentais e sociais. Estudos indicam que homens, especialmente jovens, tendem a adotar comportamentos de risco mais frequentemente do que mulheres, incluindo dirigir em alta velocidade, não usar cinto de segurança e conduzir sob influência de álcool ou drogas.
Fatores Culturais e Sociais
“Culturalmente, homens são mais propensos a se envolverem em atividades que exigem mobilidade intensa e uso de veículos motorizados”, explica Flavio Adura. O levantamento também mostra que quase metade das internações e óbitos envolve pessoas na faixa etária de 20 a 39 anos, frequentemente no auge de sua vida produtiva e social, com propensão à mobilidade ativa.
O Risco da Condução Noturna e Álcool
Outro aspecto importante, explica o médico do tráfego, é o envolvimento desse grupo etário em atividades noturnas. “A combinação de inexperiência, condução noturna e álcool resulta em uma tempestade perfeita, aumentando significativamente o risco de sinistros graves de trânsito.”
Campanhas Educativas: Promovendo uma Cultura de Direção Saudável
Campanhas como o Maio Amarelo se propõem justamente a enfatizar os riscos de comportamentos imprudentes e promover uma cultura de direção saudável. Através da conscientização e da educação, é possível transformar atitudes e hábitos, tornando as vias mais seguras para todos.
Um Apelo à Ação Coletiva
Proteger os mais vulneráveis no trânsito é um desafio que exige esforços coletivos e ações concretas. É fundamental investir em infraestrutura adequada, campanhas educativas e estratégias específicas para cada grupo de risco. Somente assim poderemos reduzir o impacto devastador dos acidentes de trânsito e construir um futuro mais seguro e saudável para todos os usuários das vias.